domingo, 11 de outubro de 2009

Peixes da Amazônia têm alto valor nutritivo

Estudo mostra que a presença de minerais como cálcio, ferro, zinco, sódio, potássio e selênio podem suprir as principais deficiências minerais das populações vulneráveis da Amazônia

O Amazonas é o estado brasileiro onde há o maior consumo de pescado por pessoa no país. De acordo com dados do Ministério da Pesca e Aquicultura, o amazonense consome cerca de 35 quilos de peixe por ano, enquanto a média nacional está entre 7 e 8 kg. Com essa média de consumo, os amazonenses podem comemorar os resultados do estudo ‘Caracterização Nutricional de Peixes da Amazônia’, realizado pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), Rogério de Jesus, que traçou o perfil nutricional das espécies através da sua composição química básica, minerais, ácidos graxos e aminoácidos. O estudo demonstra que a carne de diversos peixes da região possui elevados níveis de proteína, sais minerais e ácidos graxos para uma dieta saudável e balanceada. As espécies estudadas foram pacu, jaraqui, branquinha, curimatã, pirapitinga, aracú e mapará.

Nos peixes estudados, o trabalho mostra ainda que a presença de minerais como cálcio, ferro, zinco, sódio, potássio e selênio podem suprir as principais deficiências minerais das populações vulneráveis da Amazônia. “Todas as espécies são capazes de atender às recomendações diárias, mesmo para um adulto”, diz Rogério.

A maioria das espécies apresentou concentrações de proteína entre 18 e 20 gramas para cada 100 gramas de carne. Segundo o pesquisador, os perfis de aminoácidos observados sugerem um alto valor biológico das proteínas nas espécies analisadas. “São proteínas nobres, de alto valor nutricional”, afirma. A concentração de lipídios (gordura) variou entre 1,4 e 3,1 gramas por 100 gramas de carne. O mapará foi a única espécie estudada que se diferenciou das demais, com concentrações de gordura mais altas (21g/100g) e menor valor protéico (11g/100g). Minerais prejudiciais, como mercúrio, arsênio e cromo, ocorreram em níveis bem abaixo do limite máximo recomendado para pescado.

Rogério e o Inpa atuam como parceiros da Embrapa e diversas outras instituições no projeto em rede ‘Bases Tecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura no Brasil – Rede Aquabrasil’. A iniciativa, liderada pela pesquisadora Emiko Resende, da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), pretende desenvolver tecnologias inovadoras para a promoção de um grande salto tecnológico capaz de promover a sustentabilidade da aquicultura brasileira, do ponto de vista econômico, social e ambiental.

Metabolismo

Também foram observadas no estudo altas concentrações de ácido palmítico (19,8 a 31,8%), e ácido oléico ou ômega 9 (17,0 a 53,9%), fundamentais para o metabolismo humano, pois atuam na síntese de hormônios e na absorção de vitaminas.

Outra importante descoberta foi a ocorrência de ácidos linoléico e linolênico em concentrações similares às dos peixes marinhos brasileiros. O ácido linoléico foi estudado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) e apresenta efeitos importantes no metabolismo das gorduras do corpo. Já o ácido linolênico, auxilia no sistema imune e reprodutivo e no metabolismo do colesterol, entre outras qualidades.

Incentivo

No início deste mês de setembro, o Ministério da Pesca e Aquicultura anunciou que a produção de peixes da Amazônia contará com R$ 6 milhões do Fundo Comum de Projetos Básicos, do Banco Mundial, que serão investidos em pesquisas de mercado, capacitação de pescadores, empresários e organizações do setor, como cooperativas e entidades sindicais. Os recursos visam a consolidação da produção sustentável e a comercialização dos peixes da região. O anúncio dos investimentos foi feito pelo ministro Altemir Gregolin, durante a XI Reunião da Comissão de Pesca Continental para América Latina (Copescal), realizada em Manaus. Segundo Gregolin, o projeto será desenvolvido no Brasil, na Colômbia e no Peru e prevê também investimentos em infraestrutura, como fábricas de gelo, para apoiar as ações que serão desenvolvidas.

Gregolin disse que o levantamento visa a ampliação do acesso dos peixes produzidos na Amazônia aos grandes mercados consumidores do país como São Paulo e Rio de Janeiro, além de outras capitais que tem um consumo alto de pescado como é o caso de Brasília e Manaus.

Notícias da Amazônia (com assessorias)

FONTE: http://www.noticiasdaamazonia.com.br/10195-peixes-da-amazonia-tem-alto-valor-nutritivo/

2 comentários:

  1. Muito bom o seu trabalho, o norte do Brasil precisa muito de pessoas como você! Parabéns!

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  2. Obrigada! Mais precisa de mais! Ainda faltam muitos...

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